🍃 Plantar ou Perecer por Rafael Beling
- Redação/Jornalismo Eitv
- há 22 horas
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Plantar ou Perecer: a necessidade de florestas urbanas em Cosmópolis

As mudanças climáticas já não são mais uma projeção para os próximos anos; elas são uma realidade que vivenciamos cada vez mais no dia a dia das cidades brasileiras. Ondas de calor e chuvas cada vez mais avassaladoras são exemplos de como cidades como a nossa estão profundamente vulneráveis e pouco preparadas para as novas condições climáticas. Um dos pontos cruciais para criarmos cidades mais preparadas para resistir às intempéries, que se tornam cada vez mais frequentes, é a criação de áreas verdes dentro dos centros urbanos.
Mais precisamente, isso tem a ver com o plantio de árvores. As áreas verdes dentro das cidades diminuem a temperatura do ar, absorvem a água da chuva, reduzem a poluição e ajudam a tornar o ambiente urbano mais resiliente, fazendo com que os extremos de calor - muito comuns em Cosmópolis - possam ser amenizados.
A Câmara e a Prefeitura Municipal dialogam, neste momento, sobre um projeto de lei que prevê a criação das chamadas "microflorestas urbanas". A iniciativa é excelente e vem em um momento muito necessário. As microflorestas, ou "florestas de bolso", nada mais são do que pequenas e/ou médias áreas verdes com diferentes espécies de árvores plantadas de forma adensada. Assim como em uma floresta nativa da Mata Atlântica, o objetivo é reunir espécies arbóreas e arbustivas variadas, plantando-as a uma distância de cerca de 1 metro entre as mudas. Plantadas assim, as árvores crescem em um esquema de "competição/cooperação", gerando um ecossistema que se autorregula.
Na busca por luz solar e nutrientes do solo, as plantas acabam tendo seu crescimento estimulado justamente por estarem próximas umas das outras. As microflorestas não são uma novidade ou uma técnica inovadora. Elas são, na verdade, a reprodução do que já acontece há milhões de anos em uma floresta nativa de verdade: centenas de espécies interagindo em simbiose, em um ciclo biologicamente muito equilibrado. Construir cidades completamente afastadas da natureza e tão hostis às árvores foi um erro que jamais deveríamos ter cometido.
Criar mais áreas verdes dentro dos ambientes urbanos é fundamental para que não pereçamos com o excesso de calor nos próximos anos. As microflorestas, além de todos os benefícios ecológicos, também trarão bem-estar psicológico e de lazer, pois podem ser projetadas para serem frequentadas também como local de lazer com a família.
A sociedade civil precisa acompanhar de perto a aprovação e a implementação desse projeto. Como população, temos a oportunidade de ajudar a pensar e construir uma cidade mais preparada para os próximos anos - um ambiente mais sustentável para nossos filhos e netos, e também para todas as formas de vida que ainda prosperam nos ambientes urbanos.
Se você curte esse tema e tem vontade de conhecer mais sobre o assunto, recomendo fortemente a leitura do livro Paisagismo Sustentável para o Brasil, do botânico Ricardo Cardim. E, claro, acompanhe nossas próximas colunas aqui no Canal da EITV. Até a próxima!
Rafael Beling é professor, artista e um apaixonado pela natureza. Doutor em Educação, desenvolve pesquisas e trabalhos sobre a importância da arte na formação humana, além de estar profundamente envolvido com questões relacionadas à natureza e ao meio ambiente.
Excelente texto! É urgente que a população entenda que árvores não são apenas "paisagem", mas infraestrutura essencial para o enfrentamento das mudanças climáticas. A proposta das microflorestas urbanas aponta para um modelo inteligente de uso do solo urbano, com múltiplos benefícios: redução da temperatura, regulação das águas pluviais, melhoria da qualidade do ar e, ainda, recuperação do vínculo entre cidade e natureza. Que a sociedade civil não apenas acompanhe esse projeto, mas cobre sua efetivação com rigor técnico e participação popular. Cosmópolis tem uma chance de virar referência — desde que não trate isso como um projeto decorativo, mas como política pública estruturante.