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- Redação/Jornalismo Eitv
- 3 de jan.
- 2 min de leitura
Quando pessoas LGBTQIAPN+ são expulsas de casa, toda a sociedade falha

A expulsão de pessoas LGBTQIAPN+ de seus lares devido à sexualidade ou identidade de gênero é algo profunda e tristemente enraizado em preconceitos estruturais que impacta não apenas os indivíduos diretamente afetados, mas a convivência com a sociedade e suas dinâmicas coletivas.
A rejeição familiar, frequentemente motivada por preconceitos culturais, pressões sociais, e interpretações religiosas conservadoras, resulta na expulsão de jovens LGBTQIAPN+ de suas residências ou em sua decisão de sair por conta própria para preservar sua integridade física e emocional - algo que nem sempre se mostra realizável.
No Brasil, a situação se agrava devido à influência do machismo, do patriarcado, e da forte presença de doutrinas religiosas que deslegitimam identidades de gênero e sexualidades não normativas. Quando falamos de cidades menores e/ou do interior, tal gravidade costuma escalonar ainda mais, pois tais aspectos sócio culturais tendem a ser mais reforçados nessas regiões. Isso leva a casos recorrentes de violência psicológica, verbal e física dentro do âmbito familiar.
Muitos jovens LGBTQIAPN+ relatam que os lares se tornam ambientes insuportáveis, forçando-os a buscar saídas que frequentemente culminam na vulnerabilidade social, como a situação de rua (e os desdobramentos de cada individualidade negligenciada são tenebrosos).
O impacto dessas dinâmicas é devastador. Jovens, LGBTQIAPN+, por vezes até menores de idade, expulsos de casa enfrentam taxas elevadas de problemas de saúde mental, dificuldades de acesso à educação e emprego, além de uma maior probabilidade de sofrer violência nas ruas ou em abrigos. Em um país de dimensões continentais e tão desigual como o Brasil, essa situação é intensificada pela ausência de políticas públicas suficientes para lidar com o problema e apoiar essas pessoas em transições de vida tão complexas.
Esse abandono atinge a sociedade como um todo. Ao não garantir acolhimento e suporte às pessoas LGBTQIAPN+, perpetuamos ciclos de exclusão social que enfraquecem os alicerces de solidariedade e qualquer possibilidade de progresso coletivo. Pessoas que poderiam contribuir ativamente para a sociedade são marginalizadas, acentuando a desigualdade e perdurando a discriminação em outras esferas.
Iniciativas de acolhimento, como casas de apoio e redes de suporte, mostram-se fundamentais para reduzir os impactos do abandono familiar, mas ainda enfrentam desafios para atender à demanda crescente, pois na mesma medida que as iniciativas positivas aumentam, uma onda conservadora e assassina também cresce.
Campanhas educativas nas escolas, nas comunidades e na mídia são essenciais para conscientizar as famílias e prevenir que preconceitos estruturais continuem destruindo relações e potencialidades humanas. Para a sociedade brasileira avançar, é fundamental proteger as pessoas LGBTQIAPN+, garantindo direitos, acolhimento e inclusão, de fato, efetivos, seja em grandes metrópoles ou nas menores cidades – em Cosmópolis mesmo, infelizmente, não há sequer uma iniciativa de apoio direto à população LGBTQIAPN+.
Não existe avanço quando seres humanos são deliberadamente excluídos e deixados para trás – ou, quando não, ainda, violentados ou assassinados. É impossível fazer um avanço social integral numa sociedade que não é integralizada.
Por: Juh Brilliant (@juh_brilliant) – Autor independente dos livros O Menino das Meias, BRILHANTE?! e Amigas Para Sempre..., pedagogo e fotógrafo.
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