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 Vidas trans em cidades do interior  

Nas cidades menores e de interior do Brasil, a vida de pessoas trans e travestis é frequentemente marcada por desafios exacerbados pela falta de políticas públicas e pela presença de preconceitos mais arraigados.

Nesses contextos, é comum associar diferenças de identidade de gênero a estigmas como "desvios de comportamento" ou "ameaças aos valores familiares".

Essas visões reforçam ciclos de exclusão, dificultando o acesso ao trabalho formal e empurrando muitas dessas pessoas para situações de vulnerabilidade, como a marginalização e a necessidade de recorrer ao trabalho informal ou à prostituição para sobreviver.   A invisibilidade é outra questão central. Enquanto capitais e grandes cidades têm movimentos sociais mais organizados e maior abertura para debates sobre diversidade, nas regiões interioranas essas pautas enfrentam resistência significativa.

Isso impacta não apenas na representatividade local, mas também no acesso a serviços básicos que considerem especificidades de gênero. Serviços de saúde, por exemplo, muitas vezes não estão preparados para atender a população trans de maneira digna, o que contribui para barreiras no cuidado físico e psicológico.  

Transformar essa realidade exige mais do que visibilidade: é necessário um esforço coordenado para incluir pessoas trans e travestis na formulação de políticas públicas municipais e regionais. Promover a conscientização e o diálogo dentro dessas comunidades é um passo fundamental para romper com paradigmas excludentes e garantir que o interior do Brasil também seja espaço de respeito e oportunidades. Afinal, a luta por direitos iguais não pode se limitar aos grandes centros urbanos.  

Infelizmente, Cosmópolis segue com seu histórico sistêmico de não ter nenhuma política pública voltada para a comunidade trans e travesti e suas especificidades sequer em pauta no legislativo. Esse cenário recorrente é um evidente atraso, com impacto direto nas gerações atuais e futuras, ao perpetuar exclusões e desigualdades que poderiam ser superadas com planejamento e compromisso político.

Por: Juh Brilliant (@juh_brilliant) – Autor independente dos livros O Menino das Meias, BRILHANTE?! e Amigas Para Sempre..., pedagogo e fotógrafo.